16/06/2025

Aborto: um novo culto a Moloque

Você já percebeu que, por mais que falemos sobre "proteger nossas crianças", o debate em torno de certas questões cruciais parece superficial, focado apenas em leis e políticas? Como crentes, somos chamados a olhar para o mundo através das lentes da Escritura. Mas como fazer isso quando a própria sociedade parece ter invertido completamente os valores fundamentais?

 

Recentemente, tenho refletido sobre essas perguntas enquanto explorava a obra de John Macarthur, chamada “Guerra Contra as Crianças”. Longe de ser um conflito limitado a uma única esfera, essa guerra é, em sua essência, um ataque multifacetado ao evangelho, à imagem de Deus e ao senhorio de Jesus Cristo. É uma batalha que se manifesta na cultura, na educação, na política e, de forma mais devastadora, em nossa visão sobre a vida humana mais vulnerável.

 

Dentro dessa "guerra", um dos ataques mais diretos e impiedosos é direcionado à própria vida antes do nascimento. O livro aponta para o aborto não apenas como um procedimento médico ou uma questão de saúde reprodutiva, como muitas vezes é apresentado na cultura, mas como um ataque primário e mortal na guerra contra as crianças. É uma prática que se tornou tão normalizada que a própria ideia de que deveria ser "raro" foi descartada pelos defensores mais fervorosos.

A perspectiva bíblica sobre isso oferece uma clareza chocante. Pois existe um paralelo direto entre a prática moderna do aborto e os antigos sacrifícios de crianças a divindades pagãs como Moloque. A dinâmica é assustadoramente semelhante: crianças preciosas são sacrificadas no altar de outros ídolos.

 

Que ídolos são esses hoje? O principal deles é o "eu". A desculpa mais comum para o aborto é que os deveres da maternidade seriam um grande inconveniente e uma interrupção dos planos de vida. Objetivos de carreira, prêmios, elogios e todo tipo de realizações pessoais são priorizados em detrimento de uma pequena vida. Isso não é diferente de jogar bebês às chamas na esperança de obter uma colheita abundante ou boa sorte dos deuses. É um amor-próprio tão intenso e corruptor que a pessoa está disposta a trocar uma vida por conveniência.

 

A Bíblia condena veementemente o sacrifício de crianças aos deuses pagãos. Levitico 18:21 ordena: "Não oferecerás a Moloque nenhum dos teus filhos, fazendo-o passar pelo fogo, nem profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o Senhor". Ezequiel 16:20-21, quase mil anos depois, permanece a indignação de Deus, referindo-se às crianças sacrificadas como "meus filhos e minhas filhas, que havias gerado para mim" (Ezequiel 16.20-21). Esse ponto é crucial: as crianças pertencem a Deus de um modo singular. Jesus demonstrou um cuidado terno pelas crianças, acolhendo-as e afirmando que "o reino do céu é dos que são como elas" (Mateus 19:14). Aquelas que são jovens demais para fazer suas próprias escolhas morais pertencem unicamente a Ele. Os pais são mordomos, não proprietários.

 

A Palavra de Deus também nos mostra o valor intrínseco da vida humana desde a concepção. O Salmo 139 é uma meditação profunda sobre o cuidado soberano de Deus na formação de cada indivíduo no ventre: "Tu formaste o meu interior e me teceste no ventre de minha mãe... Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles determinado, mesmo antes que qualquer um deles existisse" (Salmo 139:13, 16). Êxodo 21:22-25 nos mostra que, mesmo na lei antiga, o prejuízo a uma vida no ventre era tratado com seriedade, exigindo "vida por vida". Do ponto de vista celestial, não há distinção entre uma criança dentro ou fora do útero – a mesma palavra hebraica, yeled, pode ser usada para ambas.

 

Portanto, o aborto, visto sob a luz bíblica, não é apenas um debate social ou político, mas uma expressão da natureza humana caída que prioriza seus próprios desejos e conveniência sobre uma vida criada à imagem de Deus, uma vida que pertence a Deus e não aos pais ou ao Estado. A mente depravada e a inversão de valores que vemos na cultura, onde o que antes era imoral é celebrado, levam a essa disposição de descartar vidas preciosas no altar do "eu". Como a obra coloca com ousadia: "A adoração a Moloque ainda está viva, prosperando sem parar. A militância pró-aborto tem dominado nossa cultura por décadas.".

Diante de uma realidade tão sombria e de uma ideologia tão arraigada, como podemos responder? Primeiro, precisamos ter clareza bíblica sobre o inestimável valor da vida desde a concepção, meditando em passagens como o Salmo 139. Precisamos resistir à pressão cultural que desvaloriza as crianças e celebra o egoísmo.

 

Em segundo lugar, e de vital importância, lembremos que por mais terrível que seja o pecado do aborto, a graça de Deus é suficiente para perdoar. Para aqueles que cometeram esse pecado, há perdão completo e restauração em Cristo. O mesmo vale para aqueles que promoveram ou estiveram envolvidos nessa indústria. A confissão do apóstolo Paulo, que foi perseguidor, e ainda assim recebeu misericórdia (1 Timóteo 1:13), serve como um lembrete poderoso da profundidade da graça divina.

 

Finalmente, somos chamados a ser voz para os que não têm voz. Isso significa não apenas nos posicionarmos pela vida biblicamente, mas também oferecermos amor, apoio e recursos práticos para as mulheres e famílias que consideram o aborto ou que enfrentam dificuldades com uma gravidez não planejada. Significa orar pelos indefesos e pela conversão daqueles que perpetuam essa maldade.

A guerra contra as crianças é real e brutal. A batalha contra a vida no ventre é uma de suas frentes mais cruéis e reveladoras da decadência espiritual de nossa época. Que, pela graça de Deus, possamos ter a coragem de ver essa batalha pelo que ela realmente é – um ataque espiritual ao que é precioso para Deus – e responder com a verdade da Sua Palavra e a extensão da Sua misericórdia.

 
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    Guerra Contra as Crianças - John MacArthur - Capa Dura (Edição Luxo)

    O livro argumenta que a sociedade contemporânea está imersa em uma "guerra contra as crianças". Essa guerra não é um conflito físico, mas uma batalha espiritual e ideológica intensa, promovida por forças culturais, educacionais e políticas seculares que buscam minar a moralidade bíblica e a fé cristã.   MacArthur detalha as frentes de batalha dessa guerra, que incluem ataques diretos à vida desde a concepção (aborto), à estrutura da família tradicional ordenada por Deus, aos papéis distintos d

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