Deus está ausente no sofrimento?

Você já se sentiu naufragando em meio a uma tempestade inesperada na vida? Uma doença, uma perda devastadora, a quebra de relacionamentos, ou simplesmente as frustrações constantes do dia a dia podem nos deixar desnorteados, questionando "por quê?". Em uma cultura que foge da dor e prega a felicidade a todo custo, como o cristão pode navegar por essas águas turbulentas sem perder a esperança ou, mais ainda, encontrar alegria no sofrimento? O livro "Alegria no Sofrimento", de Matt Chandler, mergulha profundamente nessa realidade, não oferecendo respostas fáceis ou promessas de escape, mas uma perspectiva bíblica que transforma a forma como encaramos a dor.

 

A grande verdade é que o sofrimento não é um acidente ou um sinal de falha na fé, mas uma realidade inerente a este mundo caído e uma ferramenta intencional nas mãos de um Deus soberano e amoroso. Longe de ser ausência de Deus, o sofrimento pode ser o caminho pelo qual Ele mais se aproxima do homem, e o homem, dEle. Assim como o ourives purifica o ouro no fogo, ou o oleiro molda o barro para dar-lhe forma, Deus usa as provações para nos refinar, nos purificar e nos conformar à imagem de Seu Filho Jesus Cristo.

 

Tiago 1:2-4 nos desafia a considerar "motivo de toda alegria" o passarmos por várias provações, pois sabemos que a prova da nossa fé produz perseverança, e a perseverança tem uma obra completa em nós, levando-nos à maturidade. Não é alegria pelo sofrimento em si, mas alegria em Deus e em Seus propósitos no meio da dor. Da mesma forma, Romanos 8:28 nos assegura que "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito". Este "bem" não é definido por nossa comodidade terrena, mas pelo propósito de Deus de nos tornar mais semelhantes a Cristo – algo que muitas vezes acontece através do sofrimento. E quando nos sentimos mais fracos e incapazes, é a perfeita oportunidade para experimentarmos a verdade de 2 Coríntios 12:9-10, onde Deus declara: "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza." É no nosso ponto de maior necessidade que Sua suficiência se manifesta de forma mais clara e gloriosa.

 

A aplicação prática exige uma mudança radical de perspectiva. Em vez de perguntarmos com ressentimento "por quê?", somos convidados a responder com um "obrigado" que expressa confiança na bondade de Deus mesmo quando não compreendemos. É uma jornada de aprender a correr para Deus e Sua Palavra em vez de fugir dEle ou nos agarrar às coisas passageiras deste mundo. Como o livro destaca: "É sobretudo por meio do sofrimento que Deus mais se aproximou do homem; é sobretudo por meio do sofrimento que o homem mais se aproxima de Deus.". Aceitar que a dor pode ser um caminho para maior intimidade com o Criador é desafiador, mas incrivelmente libertador.

 

Navegar pelas "ondas" da vida com essa perspectiva não elimina a dor, mas a ressignifica. Permite que a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guarde nosso coração e mente no meio da tempestade. Que possamos, inspirados pela perseverança e fé daqueles que "aprenderam a sofrer bem", agarrar-nos à Rocha Eterna em meio às ondas, sabendo que Ele está conosco e que Seu propósito para nós é sempre bom. No final, para aqueles em Cristo, há uma esperança certa onde toda lágrima será enxugada. Mas até lá, que o sofrimento, pela graça de Deus, nos molde para Sua glória e nos leve a uma alegria que não depende das circunstâncias, mas da Pessoa de Jesus Cristo. Corra para Ele.